Cedo aprendeu a fazer o que chamava “olhar de nada”. Como defini-lo? Não era um olhar inexpressivo, era um olhar que passava uma idéia... de não, nada interessante está acontecendo no momento; assim, um blefe! Manter o olhar de nada era fácil então. Conseguiu mantê-lo por anos. O olhar de nada estava associado a outro blefe. O do sentimento de nada. Algo como fingir que não existia, para não chamar atenção. O que chamamos de fingir-se de morta, até para si mesma, porque para controlar os olhos era imperativo fingir para si mesma. Conseguiu fingir-se de morta por muitos anos, até que começou. Da primeira vez percebeu o perigo a tempo. Os olhos de repente acenderam. Durou apenas alguns segundos, até que o alarme tocasse e o fogo fosse controlado. Saiu-se bem naquele dia. Uma pessoa notou (a conhecia muito bem), e outra pensou que tinha visto algo, mas não teve certeza. Ao ser argüida a respeito negou e pronto, mas, o mal (ou bem) estava feito.
Então começou a acontecer com freqüência. Cada vez mais difíceis controlar, os olhos riam, choravam, brilhavam, sofriam... e o número de pessoas que notavam foi aumentando. De início usava abaixar a cabeça, mas, depois de um tempo, isso só chamava mais atenção. E as pessoas começaram a comentar entre elas, perturbadas com todos aqueles sentimentos, assim, expostos. Palavra proibida e incômoda: exposição.
Naquela madrugada restavam poucos, a maioria já havia ido dormir. Alguém pegou o violão e começar a cantar músicas que não eram ouvidas há tempos. Dentre os insones, alguns choravam, outros suspiravam, mas, na penumbra, e com cada um voltado para dentro de suas lembranças. Ela permanecia sentadinha em seu canto, quase imperceptível. Havia sido chamada para juntar-se aos demais, mas, não, precisava controlar os olhos e os sentimentos. Melhor permanecer ali mesmo. Foi quando a luz apareceu, de início fraquinha, como a chama de uma vela, mas cada vez mais brilhante. Tentou fechar os olhos, mas a luz atravessava as pálpebras. Tentou abaixar a cabeça, mas a luz batia no assoalho e refletia por todos os cantos. Decidiu ir embora, mas já era tarde. Todos já haviam percebido. Os olhos brilharam despudoradamente. O motivo? Ah, esse já se desconfiava há muito!
Então começou a acontecer com freqüência. Cada vez mais difíceis controlar, os olhos riam, choravam, brilhavam, sofriam... e o número de pessoas que notavam foi aumentando. De início usava abaixar a cabeça, mas, depois de um tempo, isso só chamava mais atenção. E as pessoas começaram a comentar entre elas, perturbadas com todos aqueles sentimentos, assim, expostos. Palavra proibida e incômoda: exposição.
Naquela madrugada restavam poucos, a maioria já havia ido dormir. Alguém pegou o violão e começar a cantar músicas que não eram ouvidas há tempos. Dentre os insones, alguns choravam, outros suspiravam, mas, na penumbra, e com cada um voltado para dentro de suas lembranças. Ela permanecia sentadinha em seu canto, quase imperceptível. Havia sido chamada para juntar-se aos demais, mas, não, precisava controlar os olhos e os sentimentos. Melhor permanecer ali mesmo. Foi quando a luz apareceu, de início fraquinha, como a chama de uma vela, mas cada vez mais brilhante. Tentou fechar os olhos, mas a luz atravessava as pálpebras. Tentou abaixar a cabeça, mas a luz batia no assoalho e refletia por todos os cantos. Decidiu ir embora, mas já era tarde. Todos já haviam percebido. Os olhos brilharam despudoradamente. O motivo? Ah, esse já se desconfiava há muito!