Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Pivete





Li no “Globo” de hoje que a “Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro divulgou nota em que pede uma reflexão sobre nossas falhas ao permitir, passivamente, que crianças inocentes e puras viessem a se tornar verdadeiros monstros”.
Não pude deixar de pensar, mais uma vez, nas crianças que vemos pelas ruas vendendo balas, lavando vidros, andando em bandos, bandos que muitas vezes nos incomodam e assustam. O que de bom as ruas podem trazer para uma criança? Fiquei pensando também sobre o que alimenta um monstro: o desespero, o abandono, o descaso... Alguém consegue imaginar seu filho zanzando pelas ruas, cheirando cola para aliviar a dor da fome, da rejeição, da falta de carinho, da injustiça de ser tratado como um pequeno bandido por uma sociedade que não lhe ofereceu nenhuma alternativa? Por que permitimos que crianças passem por isso em nossa cidade?
Lembro de quando os pivetes começaram a se multiplicar no Rio de Janeiro. Eu era pequena e fiquei impressionada com as várias vozes se levantaram, para alertar que aquelas crianças cresceriam e se tornariam bandidos. Algumas gerações de “menores abandonados” depois, continuamos criando monstros! Será que algum dia tiraremos as crianças das ruas?

2 comentários:

Adam Flehr disse...

Oi Eliana,
Em relação a tudo o que está sendo dito, vejo um saldo positivo pela discussão que começa a travar a nossa sociedade.
E gostaria de lembrar de que além de tirar das ruas, temos um fenômeno relativamente novo nas classes sociais mais baixas: o menor abandonado que mora com os pais. Estas crianças, apenas "convivem" com os pais sem colher quaisquer benefícios que esa convivência deveria oferecer. São os filhos da pobreza, da cultura do "quanto pior, melhor", do proibidão, do visual "Daspu", da indiferença, da revolta cega.

Anônimo disse...

Se cada um fizer alguma coisa que mínima que seja , já ajuda...Eu bem tenho meus amiguinhos de sinal, que converso quase q diariamente, mesmo q seja por breves minutos, trato com carinho e respeito , pois estão fazendo o que podem e sabem... Nada impede que eu sonhe mais alto e que um dia possa voltar a fazer, o que já fiz em minha adolescência...dar aulas de artes às crianças da Rocinha, e veja, anos mais tarde , encontro num trocador de onibus, um dos meus aluninhos, que já crescido lembrava do meu nome. E assim dois sorrisos se estampavam em nossas faces, reencontros dessa vida de caminhos misteriosos...