Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Compromisso

Não compreendia muitas coisas, talvez pelo mesmo motivo não costumava ser compreendida. Palavras tinham significados diversos para ela e os outros, ou mesmo significado nenhum. Algumas frases tão familiares aos amigos lhe soavam desconexas, como no dia em que Cris, na sua morenice cachedada, lhe explicara o sentido comum de "se comprometer". Clara nunca entendera a palavra compromisso, ou pelo menos não no sentido que lhes davam. A tentativa de explicação de Cris morena não mudou em nada sua confusão. Cris, entre outras frases esquisitas, dissera não dar seu compromisso a alguém que não lhe tivesse dado o seu. Coisa estranha de dizer, "dar o compromisso". O de Clara não a pertencia, independente e voluntarioso se dava sem aviso a quem bem entendesse, estando o outro comprometido ou não, e a Clara só restava obedecer-lhe. As formalidades, os combinados, e os estabelecidos eram implodidos, não sem sofrimento, nas viradas da vida. Seu compromisso, livre e imprevisivel, era quem lhe dava os rumos do amor, não o contrário. Clara sabia que amava quando se via comprometida até a raiz dos cabelos, algumas vezes obrigada a uma baita confusão. Porém, aprendera a lidar com confusões, ou não lidar e esperar, porque saia delas sempre mais feliz que quando entrara! Seu compromisso era atrapalhado, mas não era burro. Confiava nele e o seguia pelas tormentas, de respiração suspensa, certa de onde chegaria. No fim ficavam todos muito surpresos, menos Clara. Não tinha como explicar, não conseguiriam entender...