Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Lembranças


Não sei se foi a primeira vez que fui ao cinema, mas a lembrança mais antiga que tenho da telona é de ter ido com meu pai assistir Sansão e Dalila, em uma sessão noturna. Como me senti importante! Lembro de estar sentada ao lado do meu pai, afundada naquelas cadeiras de madeira, olhando aquela tela enorme que me contava uma história. Devia ter uns sete ou oito anos e, bom, meu pai era tudo! E ir ao cinema à noite era privilégio de adultos! É uma das lembranças mais nítidas que tenho dessa época!
Havia outras crianças no cinema, pois me lembro de um menino que, antes da sessão começar, passou correndo atrás da fileira onde estávamos sentados e, em um gesto de inacreditável ousadia, passou a mão nos meus cabelos. Não me lembro de tanta proximidade com esse menino novamente, mas aquele foi meu primeiro namoro!
De lá pra cá, inumeráveis sessões que muitas vezes se confundem na memória. Jamais, porém, ir ao cinema deixou de ser um programa especial! E quantas sessões marcaram momentos importantes na minha vida! Se, como diz Mário Quintana, “uma vida não basta ser vivida, também precisa ser sonhada”, a “fábrica de sonhos” tem papel fundamental na minha. Filmes bons, filmes mais ou menos, circuitão ou não, filmes, filmes, filmes... e toda aquela atmosfera de uma sala de cinema. Em companhia de pessoas importantes: família, grandes amizades, grandes amores; ou em minha companhia. Sempre um programa especial!

sábado, 21 de outubro de 2006

Ahhh, Johnny


Ontem peguei "Piratas do Caribe". Ainda não havia visto. Nem vou comentar a atuação do Johnny Depp, esse monstro de ator!
Que fascínio exercem sobre nós os bandidos de cinema! São transgressores cheios de charme!
Só que quando terminou o filme percebi que atualmente não consigo me deixar seduzir por um deles, sem que a realidade do Rio de Janeiro estrague o meu prazer! Coisa mais chata! De repente comecei a pensar na violência da nossa cidade. Nos nossos bandidos, alguns fardados, e nas tragédias que lemos nos jornais todos os dias! No sofrimento da população, principalmente os mais pobres! Sem querer, comecei a lembrar de episódios que aconteceram há pouco tempo, com pessoas conhecidas!
Confesso que tive de fazer força para voltar a entrar no clima do filme. Força para voltar a achar sedutores os bandidos de cinema. Para conseguir colocar a realidade em um lugar separado. Mas consegui, afinal, Johnny é Johnny!!!

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Ah a imaginação!!!
Como entendo o sofrimento das pessoas que têm necessidade de compreender cada acontecimento. A angustia causada por uma pequena expressão facial, se essa não for imediatamente encaixada em uma história. A necessidade de controle total, como condição da sensação de paz!
Como se o conhecimento das coisas pudesse fazer com que elas caminhassem pela via da felicidade. Uma peça fora do encaixe da construção mental e tudo parece prestes a ruir sob o peso de uma grande catástrofe.
Quanta imaginação!!!!

domingo, 15 de outubro de 2006

"A vida não é filme você não entendeu"

E ao final de tudo (ou início de tudo), só uma insistente pergunta. Como equilibrar forças contrarias? Necessidades antagônicas?
Viver em insana inconstância?
Escolher uma delas, em um suicídio pela metade? Alguém consegue ser feliz pela metade?
Ah, o famoso caminho do meio... Alguém viu por aí esse rapaz?

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

"A minha independência tem algemas"

Alguns são realmente mais independentes do que outros. Preferem encontrar seus próprios rumos, e, o que é mais importante, no seu próprio tempo.
Alguns preferem não se comprometer aqui, se há uma estrada ali e o desconhecido além. O desconhecido é totalmente fascinante, não pelo que é, mas por tudo que poderia ser. Há muitos adultos assim. Que possuem profunda necessidade de independência. Assim, preferem amar o que está um pouco à frente, ou um pouco atrás. Amar independente do sujeito. Amar sem se relacionar. Amar sem depender de nada além de seu próprio sentimento...
Bom ou ruim, não importa!
Mas, que é solitário, é!!! A independência é uma senhora muito ciumenta!
Manoel de Barros diz tudo na frase do título.

domingo, 8 de outubro de 2006

Cinema de domingo

Acabei de assistir "Espelho Mágico" de Manoel de Oliveira.
Concordo mesmo que é uma coisa bem feminina essa de esperar que maravilhas aconteçam.
O risco é deixar de viver...

sábado, 7 de outubro de 2006

"Eu gosto dos que têm fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem..."

Quem é normal?
As pessoas normais são felizes?
Numa época em que existem nomes, diagnósticos e remédios, para vários tipos de comportamento, é inevitável ficar pensando nisso!
São felizes as pessoas equilibradas?
Provavelmente estão em paz!
Quem está em paz consegue criar algo instigante?
Não é difícil entender porque todas as formas de genialidade se alimentam do desequilíbrio. Fico pensando em grandes artistas, cientistas brilhantes. Eram criaturas equilibradas?
A força criativa se alimenta da inquietude. A inquietude é instigante.
Equilíbrio é sinônimo de felicidade?
Paz de espíirito é sinônimo de felicidade?
Quietude é sinônimo de felicidade?

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Simples assim

Adoro esse momento. Noite, tudo em paz, eu e o teclado, escrevendo longas cartas, sem saber exatamente quem vai lê-las! Simplesmente deixando as palavras saírem.
Houve um tempo em que tive de me adaptar a regras rígidas de como escrever. Por vezes era tão desgastante que quase cheguei a duvidar da minha capacidade de me relacionar com o papel. De uns tempos pra cá recuperei a antiga agradável amizade. Sem regras, sem preocupação com quem vai ler, apenas esse momento.
Com a dança também foi assim por um tempo. Dançar foi um enorme prazer, desde pequena. Sou capaz de ficar dançando por horas a fio, sem cansaço, apenas me deixando levar pela música. Na época, porém, em que tentei encaixar a minha dança em regras preestabelecidas, que cheguei a achar aquilo tudo um sofrimento. Fiquei anos afastada e só pude retornar quando percebi que há coisas que só podem ser feitas por prazer. A partir desse momento a dança voltou pra mim.
Hoje tenho de volta a escrita e a dança, e como são minhas amigas essas duas moças!
Aos poucos tenho recuperado ainda outros prazeres antigos. Tenho me lembrado de quem eu era. Hoje percebo que sou tantas! Tenho libertado essas tantas por aí. Que encontrem seu caminho... naturalmente.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

"Você não sente não vê mas eu não posso deixar de dizer meu amigo ..."

Hoje uma amiga comentou que há algum tempo nada de novo acontece na vida dela.
Fiquei pensando nisso...

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

"You probably think this song is about you"


Coisa mais divertida buscar sentido para o dia-a-dia!
Quanta imaginação deve estar envolvida nessa busca!

Quantas coisas a gente deve inventar e desinventar para sentir!
Sentir e ter consciência do sentimento, mesmo em meio a diversas atividades.
É muito fácil se atropelar de coisas para fazer e não ter tempo de sentir. O divertido é conseguir dar conta de tudo e ainda sentir, inventar, inventar, sentir... E, melhor ainda, figir que se tem controle sobre tantos sentimentos, afinal, não foram mesmo inventados?
Adoro os seguintes versos de Fernando Pessoa:

"O poeta é um fingidor
Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente"

Tantas vezes me pego surpresa por descobrir que é real um sentimento que eu achava que tinha criado por pura diversão! Alguns sentimentos são ardilosos! Se deixam ser subestimados e, de repente, assumem o controle e riem da gente! Já outros, coitados, são tão fraquinhos que não conseguimos enganá-los por muito tempo. Logo logo descobrem que não são reais. E coisa mais triste para um sentimento é sofrer esse tipo de humilhação. Os sentimentos adoram comandar...

domingo, 1 de outubro de 2006

Número errado!

Muito estranho não saber em quem votar.
Pela primeira vez na vida, simplesmente não ter candidato!
Muito estranho... Muito desconfortável...
Nunca imaginei uma coisa dessas.
Soa a alienação, mas, não, é simplesmente descrença...

"Hoje preciso de você, com qualquer humor, com qualquer sorriso"

Outro dia uma amiga disse que sentia uma saudade física de outra pessoa.
Achei engraçado, porque para mim a saudade é sempre física.
É claro que ler um e-mail, ver fotos e falar ao telefone abrandam a saudade das pessoas que amamos. Diminuem a falta que sentimos delas.
Porém, a minha saudade precisa de expressões faciais, gestos, cheiros...
Preciso ter as pessoas que amo por perto, com uma certa freqüência. Preciso tê-las com os cinco sentidos.
Só assim a saudade acalma!
Pelo menos por algum tempo...