Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

sábado, 13 de setembro de 2008

Mudei de endereço por um tempo. De repente não quero mais ser lida, só quero poder falar livremente pra ninguém o que me passar pela cabeça.
Qualquer dia volto, qualquer hora apareço.

terça-feira, 15 de julho de 2008


Só se vê bem com o coração blábláblá...

O problema é que meu coração vê demais, sabe demais e me enlouquece com tantos bits por segundo. Posso terminar meus dias no hospício, desfilando na ponta, de tutu bandeja...

Enquanto isso tenho essa pressa, muita vida já passou e há muito por viver.

Sigo dançando

On with the show

sábado, 14 de junho de 2008

Tempo e irrealidade


Estava na coxia. No centro do palco alguém cantava “We can work it out”, embora não tão alto quanto deveria, pois haviam incompreensivelmente solicitado que cantasse mais baixo. Uma pena, tinha uma voz tão potente... Todos batiam palmas ao ritmo da música. Um dos bailarinos segurava um bebê com cara de anjo, que por sua vez levava um cartaz ou algo parecido. Tábuas da salvação? Era o momento ideal para entrarem e estava exatamente pensando em fazer isso quando a musiquinha de videogame a acordou.
Chateou-se tremendamente a princípio; não queria tanta realidade em uma manhã de sábado. Porém, logo deu-se conta de que a casa onde morava não existia mais, ou melhor, existia, mas como a tal da musiquinha infantil, a que não tinha chão; como se andasse em nuvens. Talvez por isso piso da varanda houvesse estufado sob seu olhar perplexo. Nos últimos meses flutuava de lá pra cá, entre esquecimentos, o tempo passava sem que tivesse muita consciência dele. F. havia mencionado espantada o fato de já estarem no meio do ano. Não compreendera o estranhamento de F., já que era assim que as coisas andavam ultimamente. Normal, pensou. A vida passava como aroma. Deu-se conta de que o que havia de mais real no momento era um sonho dos últimos anos. Uma inversão dos fatos fizera com que as paredes ruíssem e uma irrrealidade paralela pudesse mostrar-se espantosamente viva. Talvez tivesse pedido por isso o tempo todo. Talvez todos aqueles tijolos fossem apenas cenário e agora pudesse olhar através das nuvens e encontrar seu mundo. O mundo que escondera, mas que estivera esperando por ela todo tempo. O lugar ou a falta de lugar a que realmente pertencia.

domingo, 6 de abril de 2008

sábado, 29 de março de 2008

A vida é boa!!!


Outro dia estava dirigindo, ouvindo Epitáfio, do Sérgio Britto e me dei conta de que sempre valorizei viver de de forma a não me arrepender na velhice, não me arrepender do que não tivesse vivido. Lembrei do que é importante para mim, do que tem de ficar na minha mente, do que sempre busquei... Voltando à música, o que tenho dificuldade é aceitar a vida como ela é, especialmente no que se refere à parte do “a cada um cabe alegrias e a tristeza que vier”- não estou falando de alegrias, é claro! Nessa mesma tarde tocou um sambinha no rádio e alguém bateu no vidro do carro. Quando virei a cabeça vi um catador de papel, uniformizado, carregando seu carrinho, sorrindo para mim com a boca desdentada e fazendo um sinal com a mão, sinal que estava aprovando a música que eu ouvia. Não pude deixar de pensar que a vida é boa ao sorrir de volta. Ao chegar em casa recebi a visita de três senhoras amadas, minha mãe, minha madrinha e minha sogra. Logo após uma amiga telefonou para dizer que havia finalmente conseguido trabalho. Essa amiga estava passando por dificuldades financeiras muito grandes.
Sim, a vida é boa, e se ainda não está tudo certo é porque ainda não chegou ao final de cada episódio, porque no final senhores, dá tudo certo!!!

domingo, 16 de março de 2008

Essa noite não

R... tentava me explicar que West Side Story é uma tragédia e Romeu e Julieta não. Estreou em São Paulo West Side Story. R... adora explicar e eu adoro ouvir. O diálogo se deu durante um filme chatíssimo do qual saímos no meio. Nem me lembro a última vez que deixei o cinema antes do final do filme. Adoro ir ao cinema, mas, como disse, o filme era chatíssimo e eu não estáva lá com espírito para concessões, afinal durante todo o tempo havia uma ausência.
Fiquei pensando em Betty Blue, 37º 2 le matin. Nada de chato, adoro esse filme. Lembro do personagem masculino dizendo que há muito procurava sentido para sua vida. A frase também esteve escrita em um cartão postal que morou por bastante tempo em um quadro de cortiça no meu quarto. Para ele o sentido veio na forma de uma mulher linda e doente.
Outro dia assisti gota dágua. Para Joana o sentido se perdeu, corrompido por mágoa e desejo de vingança. Motivos trágicos como diria meu amigo R...
Corta para um domingo de manhã fresco e chuvoso (esse roteiro é meu). Nossa heroína acorda e observa algumas das criaturas e coisas com as quais vem tentando dar sentido à existência. A casa está repleta delas. Cada uma cumpriu o seu papel por algum tempo.
Pelo menos é manhã e essa incorrigível mania de ter esperança costuma vir brincar nas manhãs.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Nem sempre moinhos de vento

Lembro de quando falava para J..., durante os seus dias difíceis, que ela não era aquela “inhazinha” que pensava. Que aquela não era a pessoa que eu tivera a oportunidade de conhecer quando, quase uma menina ainda, se jogou no mundo e sobreviveu. Talvez as palavras não tenham causado muito efeito na época, mas o fato é que a vida fez com que voltasse a mostrar a moça forte que era.

Pois chega a minha vez de lembrar. O problema de passarmos algum tempo confortavelmente protegidos é sermos tomados por uma preguiça enorme, uma vontade poderosa de ficarmos sentados à sombra lendo e comendo maçãs, enquanto alguém vigia o horizonte para afastar os predadores.

Infelizmente, ou felizmente, sei lá, a sentinela se foi e os meus joelhos enferrujados precisam movimentar-se. Pois que as maçãs dêem lugar às tintas de guerra e os livros às armas, e que os santos protetores das damas com frescura possam lembrar-me da mulher que se esconde nessa pobre e lamurienta mocinha abandonada.


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Ando precisando de sonhos...


sábado, 8 de março de 2008


Não adianta nem me abandonar
Nem ficar tão apaixonada
Que nada, não sabe nadar
E morre afogada por mim

(Gilberto Gil – Esotérico)

Um sorriso anda brincando em seu rosto! Não o tempo todo, porque o tempo não anda para brincadeiras.
Preciso de você, agora sei, tanto quanto você de mim. Palavra assustadora e mal interpretada essa: precisar. Mas, afinal, não é dessa matéria que o amor é feito? Da interdependência?

Quanta demora para que eu compreendesse essa palavra mágica, in-ter-de-pen-dên-cia. Houve um tempo em que não conhecia mais que dependência e penava com a possibilidade do abandono. Mais tarde acreditei na independência e sofri com a solidão...

Um sorriso anda brincando em meu rosto. Apesar de tantas mudanças, escolhas, inevitáveis perdas. Um sorriso e uma expressão de paz, apesar de tudo, porque o tempo não anda para brincadeiras....

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Viver

Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do meu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião
Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão...
(Pequeno Mapa do Tempo - Belchior)


V... fez apenas uma das provas. Achou que tinha ido mal e abandonou a seleção. Não havia ido mal. Teve medo de não estar suficientemente preparada para aquele passo. V... tem 22 anos. Muitos temos a ilusão de que existe algo como “estar suficientemente preparado”; de que se fizermos tudo direitinho, conforme o planejado, teremos controle sobre o resultado final. V... foi momentaneamente paralisada por essa ilusão.
B... tem pouco menos de 20 e se depara com a percepção de que adultos mentem, erram e temem. Comenta como os adultos que ama são “crianças”. Anda refletindo sobre a solidão que sentiu e sente. Os adultos que a amam se esforçam para aliviar seu sofrimento, mas só podem encorajá-la e observar, afinal, B... está crescendo, encarando seus temores e buscando as ferramentas necessárias para enfrentar a vida. É um processo solitário. Como tantos outros importantes.
Zygmunt Bauman fala sobre o medo na entrevista publicada no globo de domingo. De como percebemos que em vez de controlarmos a natureza, como pretendíamos, estamos contribuindo para prováveis catástrofes provocadas pelo aquecimento global. Comenta ainda o fato de estarmos percebendo o quanto falhamos em diminuir as injustiças no planeta. Enfim, de como falhamos em controlar tudo o que nos causa medo. Conclui que essa falha provoca um momento de grande ansiedade.
Talvez um dos grandes desafios humanos, em escala pessoal e global, seja compreender que o medo não pode ser abolido, nem superestimado, mas deve ser utilizado com o final para o qual foi criado; nos manter vivos, nos dando poder para fugir ou enfrentar! O crucial seria discernir os momentos em que devemos fazer uma coisa ou outra, com a certeza apenas de que façamos o que fizermos, o resultado será ainda medo, para que continuemos.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Com açúcar, com afeto


Por bastante tempo desprezou a forma como a madrasta se comportava. Aquela adoração ao seu pai o exasperava. Jamais conseguiu entender como o pai, um sedutor, artista, intelectual, poderia ter escolhido como esposa, dentre tantas opções, uma mulher que comportava- se, muitas vezes, como se vivesse em séculos anteriores. Levou tempo para aceitar aquele amor e talvez jamais tenha aprendido a respeitá-lo. A aceitação veio durante os longos meses da doença que lhe tirou o pai, quando a dedicação dela fez toda a diferença; mas o respeito, esse talvez nunca tenha aparecido.

Não posso deixar de pensar nisso enquanto distraio-me dos meus compromissos profissionais por alguns momentos, pensando em como obter uma receita e especulando quais seriam os ingredientes e utensílios necessários para a confecção do doce.

Sorrio e peço mentalmente que a falecida avó de uma certa criatura amada ilumine, de onde estiver, essa pobre cientista enfeitiçada e não permita que o projeto se transforme em alguma coisa de gosto e aparência duvidosos.

Que todos que estejam lendo estas mal traçadas linhas tenham alguém por quem valha a pena se debruçar sobre um tacho como se isso fosse a mais deliciosa das aventuras.



quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Brincadeira (muito) séria

Foto: www.amcostarica.com/crocodile011005.jpg


Esse bicho vai acabar me mordendo, pensava enquanto olhava a cauda enorme, a agilidade para subir e descer (estranho, nunca havia imaginado crocodilos subindo e descendo por mesas e cadeiras) e, o mais assustador , os destes imensos (N... repetiu a brincadeira sobre não saber como esse cara ainda tem dentes, sendo assim, abusado - deliciosamente abusado, complementaria eu, se não me houvesse faltado coragem para emitir sons).

Fico me perguntando se é possível temer o que tanto se quer, e, que de tanto querer, foi cuidadosamente alimentado desde que cabia em uma caixa de sapatos. O selvagem é assim, belo, passível de amor, admiração e temor, justamente por ser livre na essência. Como creio que só os pares podem amar o selvagem, e que o livre não tem porque temer o livre, dou por encerrada a questão.

Você simplifica tudo, disse, e eu pensei que nada é mais simples que amar, enquanto se ama.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Pas de deux, Tracy Curtis

A última vez fora há uns 20 anos. Tentava um novo amor. Na verdade não era bem amor, queria que fosse! Um rapaz desses que a família aprovaria. Pois, decidira passar o reveillon com ele. Por que não? Tinham algumas coisas em comum, poderiam até formar uma família bacana! Sim, família bacana era tudo o que queria naquela época. Aliás, era tudo que nunca deixara de querer.
O problema é que havia um bailarino... doce, complicado, instável, especial... o tipo de sujeito que dançava no meio da rua, em madrugadas chuvosas; que chegava de sobretudo, cabelo encaracolado e um lindo sorriso, desses que a faziam esquecer os atrasos, os desaparecimentos, as pequenas infidelidades; que tinha toda uma galáxia fosforescente no teto do quarto, que a chamava de “minha boneca” e simplesmente adorava caminhar a esmo, com um livro nas mãos, sempre pronto para ler onde tivesse vontade; que não gostava nadinha de trabalhar; que faria a sua avó sofrer um grande desgosto; que fazia seu coração acelerar e seus olhos se encherem de ternura...
Meia-noite (meia-noite mesmo, naquela época não havia horário de verão), fogos, alegria, abraços, beijos, o sujeito bacana, o coração apertado – o que estou fazendo aqui, meu deus? - os olhos úmidos em direção ao mar e uma oração à Iemanjá.
Rapaz bacana descartado, um pequeno príncipe nos braços, o bailarino transformado em pai, dificuldades financeiras, dificuldades no relacionamento, desejo de levar uma vida normal, sem tanto drama, como bem definira a irmã, apenas uma vida normal, com um pai bacana... Não, jamais pediria nada à santa novamente, não sabia pedir, e, da próxima vez, faria tudo direito, como fazem as pessoas normais, as que vivem sem tanto drama.
Mas, o tempo passa, as crianças crescem, a santa continua lá, submersa, durante os anos de calmaria, soprando cânticos materializados em espuma sob os pés amantes... água mole em pedra dura...


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Vida Real?

"Não leve o personagem pra cama
Pode acabar sendo fatal
Então desmonta logo esta máscara
Voltemos à estaca zero
Fica tudo igual
Normal "
(Lulu Santos)

Uma vez ia morar em Santa Teresa! Foi quando ele disse que ia gostar de ir lá! Soube imediatamente que desistiria da idéia. Por puro terror! Sabia que depois que ele fosse lá, não permitiria que mais ninguém fosse e ficava imaginando os momentos em que ele não estivesse, momentos que poderiam se estender por meses, como já acontecera antes. A solidão, a espera... não pôde lidar com esse medo.
Por anos evitou dormir com ele. Lembra a primeira vez em que ele estendeu uma blusa, dessas que se usa para dormir, em um claro convite para que ficasse, mas foi embora. Sempre ia embora. Ia embora porque sabia que aquele território, o do sono, era um dos poucos que não havia sido invadido por ele, pelo menos não fisicamente. Já os sonhos... mas isso é outra conversa!
Um dia houve uma música, só mais uma música, mas era como se fosse para ela e então ficou, assim, meio sem perceber, foi ficando, dormiu, tomou café, saiu, voltou....
Depois veio a semana seguinte, e a outra, e quando percebeu estavam planejando uma viagem...
O final da história já era conhecido, mas, acreditava que o final seria apenas um hiato. Sempre fora isso, apenas um hiato.