Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Com açúcar, com afeto


Por bastante tempo desprezou a forma como a madrasta se comportava. Aquela adoração ao seu pai o exasperava. Jamais conseguiu entender como o pai, um sedutor, artista, intelectual, poderia ter escolhido como esposa, dentre tantas opções, uma mulher que comportava- se, muitas vezes, como se vivesse em séculos anteriores. Levou tempo para aceitar aquele amor e talvez jamais tenha aprendido a respeitá-lo. A aceitação veio durante os longos meses da doença que lhe tirou o pai, quando a dedicação dela fez toda a diferença; mas o respeito, esse talvez nunca tenha aparecido.

Não posso deixar de pensar nisso enquanto distraio-me dos meus compromissos profissionais por alguns momentos, pensando em como obter uma receita e especulando quais seriam os ingredientes e utensílios necessários para a confecção do doce.

Sorrio e peço mentalmente que a falecida avó de uma certa criatura amada ilumine, de onde estiver, essa pobre cientista enfeitiçada e não permita que o projeto se transforme em alguma coisa de gosto e aparência duvidosos.

Que todos que estejam lendo estas mal traçadas linhas tenham alguém por quem valha a pena se debruçar sobre um tacho como se isso fosse a mais deliciosa das aventuras.



8 comentários:

Talita Braga disse...

Como vc escreve bem!
Super gostoso ler o seu blog!
Beijocas

Anônimo disse...

Eliana,


Que consegue sugar o açúcar da Vida será sempre capaz de fazer qualquer doce, mesmo que seja um projeto!


Abraços, flores, estrelas..

Anônimo disse...

Eu quis dizer "quem consegue".

Anônimo disse...

Um, muito bons os seus textos...parabéns!!!

Adorei seu estilo, a cadencia livre de idéias...muito bom mesmo!!!

Abraços pra ti!

p.s.: desculpe a demora em vir agradecer a visita...tava sem tempo pra viver...

Tamara Queiroz disse...

Que possamos todos nos lambuzar com a aventura deliciosa.

Naeno disse...

DAS CANÇÕES

É muito mínimo o que se faz numa canção
Se não se põe a vida dentro dela.
A gente torce o coração
A gente esfrega as emoções
A gente estampa a vida de aquarelas.

Estrelas são lugares infinitos
Feitas do brilho do teu ladim
O teu abraço é o fim do meu limite
Meu piquenique é dentro do teu sim.

Grita o amor nas células do sentimento
Geme o prazer nas sílabas da alegria
O sofrimento nos rouba muito tempo.

Um beijo
Naeno

Lidiane disse...

Eli.

"Com açúcar e com afeto". Pessoas assim, enfeitam nossas vidas, mesmo que a gente só descubra isso, tempos depois.

Sabe, tachos me lembram a minha avó mineira. Doces mineiros.
E sei que algum dia lembraram a minha mãe.
Temos um tacho de cobre aqui em casa. Herança de doçuras culinárias.

Um beijo doce.

Joyce Rocha disse...

Sei bem o que é debruçar no tacho.
Gosto do gosto doce de ofertar carinho.
Cansei de ouvir que há um limite para essa oferta, mas temo não ter aprendido a lição.
Ainda creio que com açúcar e com muito afeto até os mais amargos amores se transformam em suspiros de felicidade. Mesmo que o reconhecimento de seus dotes culinários custem a vir ou nem venham, não faz mau. O que imorta é adoçara própria vida.
Que a doçura seja o remédio sabor de mel que a humanidade precisa!
Bjssss