Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Cenário do apocalipse:

1 caixa de lenço de papel
2 caixas de Bis
Bowie cantando Space Oddity novecentas vezes seguidas
1 gato amarelo em cima de 1 edredom azul embolado
Lençóis e travesseiros embolados
1 mulher embolada
1 óculos de leitura com um grau (muito) diferente do meu
1 livro
1 notebook
Dor nos olhos
Dor de cabeça
Aos 21 dias para o fim do mundo, com uma segunda feira em três dias
A tardinha promete...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A menina que fazia sonhos

Já havia visto aquela cena vezes demais para não saber o que significava. Seu coração ainda tentava produzir nuvens, mas estas, agora ralas, só com muio esforço conseguiriam encobrir alguma coisa. A realidade se impunha cada vez mais feroz e seu corpo teimava em perceber. Em efeito dominó todas as suas últimas construções começavam a cair e mais uma vez a verdade mudava, tudo mudava. Estava naquele momento em que pensava se teria forças para mais uma empreitada ou se sucumbiria ao comum, ao ordinário, à vida maçante e sem graça de tantos que eram felizes embora ela mal conseguisse acreditar como. Estava naquele momento de cansaço.
Nessa mesma época havia chegado um novo elemento, um anjo disfarçado, que a lembrou de sua obstinação e de como essa mesma obstinação atuara tantas vezes. Anjos já haviam frequentado sua vida anteriormente em mais de uma ocasião. Era o lado bom dos anos, a experiência.  Não para ser usada como gesso, não para fazê-la repetir, mas para mostrar que havia portas, muitas, ligadas a muitas realidades a esperar por ela. As portas surgiam e desapareciam. Já havia usado algumas e quando voltava a esse momento de mudança, se não resistisse, se apenas mantivesse a calma, elas voltariam, as portas.
Decidiu descansar um pouco, deixar que as nuvens se espraiassem o quanto quisessem, respirar com calma, acumular um pouco de energia. Não era ainda época de viagens, mas de repouso. Sabia que enquanto estivesse ali as portas se tornariam cada vez mais nítidas, até que algo muito intenso, quase ou mesmo incontrolável a faria atravessar novamente uma delas e se veria em uma nova história que começaria enquanto ainda digitava no escuro, em uma madrugada chuvosa,
Era uma vez uma menina que gostava de sonhar...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012



A primeira vez que parti devia ter uns três ou quatro anos e foi quando conheci a dor. A saudade era muito maior que o meu corpo, e como Alice, tinha medo de que o rio de lágrimas me afogasse. O sofrimento era uma dor física e as estranhezas no novo ambiente não ajudavam em nada. Eu era diferente. Mas tem essa coisa que chamamos de tempo, que eu estava começando a conhecer, embora ele passasse bem mais vagarosamente então. Havia as novas palavras que começavam a ser repetidas e a significar. E havia um fusca, e os passeios pelos trigais, e as roseiras do jardim, e as uvas, e o cheiro do doce sendo feito.  Havia o clube,  as matinês, e as cadeiras de madeira onde eu afundava e esticava o pescoço pra ver a tela. Havia um bebê, uma irmãzinha, e fraldas e chupetas e andadores, e a dor foi sendo distraída, diluída, cedendo lugar a mais e mais momentos bons, e o diferente, afinal, não era mais tão apavorante assim. Quando parti novamente, quatro anos mais tarde, o que era susto e dor acabou virando beleza e saudade. Não sei quando  esqueci  como é a vida, havia aprendido muito cedo, mas esqueci. Só que de uns anos pra cá ela voltou, a menininha,  voltou e me lembrou. Aprendi muito cedo, depois esqueci, mas agora lembro de tudo, lembro como é, como tudo se transforma o tempo todo, e como não há o que temer!!!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Paulo Mendes Campos não sabe. O amor acaba é no silêncio. Acaba afogado por palavras reprimidas, por sentimentos contidos. Acaba pelo desprezo de sua beleza, de sua grandeza Na verdade o amor não acaba, é assassinado pelos que não podem amar, pelos que não tem coragem e por isso sentem tanta inveja do amor que o amordaçam, esfaqueiam, escarnecem dele, o ferem de morte, o sangram sem piedade até que não restem mais lágrimas, ou sorrisos, até não reste mais nada!