Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A menina que fazia sonhos

Já havia visto aquela cena vezes demais para não saber o que significava. Seu coração ainda tentava produzir nuvens, mas estas, agora ralas, só com muio esforço conseguiriam encobrir alguma coisa. A realidade se impunha cada vez mais feroz e seu corpo teimava em perceber. Em efeito dominó todas as suas últimas construções começavam a cair e mais uma vez a verdade mudava, tudo mudava. Estava naquele momento em que pensava se teria forças para mais uma empreitada ou se sucumbiria ao comum, ao ordinário, à vida maçante e sem graça de tantos que eram felizes embora ela mal conseguisse acreditar como. Estava naquele momento de cansaço.
Nessa mesma época havia chegado um novo elemento, um anjo disfarçado, que a lembrou de sua obstinação e de como essa mesma obstinação atuara tantas vezes. Anjos já haviam frequentado sua vida anteriormente em mais de uma ocasião. Era o lado bom dos anos, a experiência.  Não para ser usada como gesso, não para fazê-la repetir, mas para mostrar que havia portas, muitas, ligadas a muitas realidades a esperar por ela. As portas surgiam e desapareciam. Já havia usado algumas e quando voltava a esse momento de mudança, se não resistisse, se apenas mantivesse a calma, elas voltariam, as portas.
Decidiu descansar um pouco, deixar que as nuvens se espraiassem o quanto quisessem, respirar com calma, acumular um pouco de energia. Não era ainda época de viagens, mas de repouso. Sabia que enquanto estivesse ali as portas se tornariam cada vez mais nítidas, até que algo muito intenso, quase ou mesmo incontrolável a faria atravessar novamente uma delas e se veria em uma nova história que começaria enquanto ainda digitava no escuro, em uma madrugada chuvosa,
Era uma vez uma menina que gostava de sonhar...

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