Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

sábado, 1 de agosto de 2009

Ana e a vida


Eram vários demônios, de alturas, cores, formas e idades variadas. Não se mostravam o tempo todo. Algumas vezes chegava a achar que o tempo a havia livrado deles, mas então voltavam com suas risadas histriônicas, seus dentes perfurantes, suas garras. Tinha de estar alerta e ainda assim apareciam. No combate corpo a corpo costumava perder, pois eles sussurravam em seu ouvido, conheciam cada fragilidade sua, cada medo e trabalhavam para ampliá-los até que ela, exausta, perdesse o controle. Aprendera que o mais seguro era evitar que se aproximassem, para que não pudesse ouvi-los. Tentava mantê-los sob vigilância, à distância. Conseguia com superficialidades. Os demônios não se interessavam por superficialidades. Mas bastava que criasse intimidade com alguém ou algo para que eles se aproximassem, ávidos, sedentos, excitados. Por muito tempo escolheu a solidão e o desinteresse para mantê-los em uma zona de segurança, porém acabou percebendo que se não se excitavam com a solidão e o desinteresse, era apenas porque sabiam que a solidão e o desinteressa acabariam por matá-la de qualquer forma. Foi quando novamente escolheu viver. Perde muitas batalhas...

3 comentários:

Tamara Queiroz disse...

Quantas histórias brilhantes!

E eu vendo os meus demônios, minhas mãos, minhas pernas estremecidas e minhas entregas.

Vinícius Faustini disse...

Oi, Eliana,

tudo bem? Poxa, não repara as minhas "férias", é que realmente eu estava precisando de um tempo de descanso. Prometo que dia 12 já recomeço.

Muito obrigado pelos elogios. Eu vim aqui e acabei lendo um monte de pensamentos altos, um atrás do outro, que me deixaram com muitas questões instigantes. Parabéns pelos textos!

Como você chegou ao meu blogue? Coisa de cara curioso...

Beijos,

Vinícius Faustini

Celso disse...

Não se pode escapar do que é parte de nós. Fiz amizade com meus demônios, e eles me ensinaram, e continuam ensinando muito. Acho que nossas vidas dependem deles.