
Não sei se foi a primeira vez que fui ao cinema, mas a lembrança mais antiga que tenho da telona é de ter ido com meu pai assistir Sansão e Dalila, em uma sessão noturna. Como me senti importante! Lembro de estar sentada ao lado do meu pai, afundada naquelas cadeiras de madeira, olhando aquela tela enorme que me contava uma história. Devia ter uns sete ou oito anos e, bom, meu pai era tudo! E ir ao cinema à noite era privilégio de adultos! É uma das lembranças mais nítidas que tenho dessa época!
Havia outras crianças no cinema, pois me lembro de um menino que, antes da sessão começar, passou correndo atrás da fileira onde estávamos sentados e, em um gesto de inacreditável ousadia, passou a mão nos meus cabelos. Não me lembro de tanta proximidade com esse menino novamente, mas aquele foi meu primeiro namoro!
De lá pra cá, inumeráveis sessões que muitas vezes se confundem na memória. Jamais, porém, ir ao cinema deixou de ser um programa especial! E quantas sessões marcaram momentos importantes na minha vida! Se, como diz Mário Quintana, “uma vida não basta ser vivida, também precisa ser sonhada”, a “fábrica de sonhos” tem papel fundamental na minha. Filmes bons, filmes mais ou menos, circuitão ou não, filmes, filmes, filmes... e toda aquela atmosfera de uma sala de cinema. Em companhia de pessoas importantes: família, grandes amizades, grandes amores; ou em minha companhia. Sempre um programa especial!