Hoje me mandaram um vídeo em que estávamos em um grupo de
amigos rindo e brincando despreocupados em uma viagem de férias. Foi há alguns
anos em uma lojinha fofa de cerâmica, onde se podia também sentar, tomar vinho
e comer queijos e outras coisinhas gostosas. Também recebi um vídeo que
mostrava um restaurante que criou pequenas cabines para que, quando o mundo
começar a voltar à normalidade, pessoas possam jantar sem risco de
contaminação. Ter assistido aos dois vídeos, um logo após o outro, me causou
uma certa angústia, por ter me levado a pensar ainda vai levar tempo até que
possamos novamente respirar sem medo. Respirar! Somos tão acostumados a transformar,
resolver, interferir, a achar que tudo que temos, tudo que somos está garantido,
e que o futuro da humanidade é uma questão de progressos e melhorias. Ainda que
o presente seja cheio de desigualdades, e a história cheia de retrocessos, gostamos
de pensar que é só uma questão de resolver. E definitivamente não gostamos de
pensar na nossa fragilidade, na vulnerabilidade dos nossos corpos, na velhice,
na morte. De repente vem um vídeo e joga na minha cara que nem respirar
despreocupadamente está garantido. Nem respirar! Chorei um bocado, pensei na vacina, e sentei pra
trabalhar um pouco, apesar de ser domingo, pra me distrair. Tem coisas em que a
gente não quer pensar, só quer fazer automaticamente. Tipo respirar!
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