Foi quando ele disse aquela coisa, que grande parte das
pessoas vivem sem amor. Estávamos falando do amor romântico, e eu com todas
aquelas lágrimas que acompanham cada perda de ilusão, cada frustração. Foi ele
também quem me disse uma vez que ninguém nunca me havia assegurado que o mundo
era justo. Escrito assim, agora, parece tão óbvio e simples, mas quando se tem
20 e não se entende patavina das coisas, de como elas são, é uma revelação libertadora
tanto quanto surpreendente. Tanto como essa, a das pessoas que vivem sem amor, essa
trinta anos mais tarde.
Talvez ele sempre
tenha sido assim importante pra mim, desde a época em que fumava, roia as unhas
e portava cachos com cor. Sempre alvo dos meus cuidados, olhares, escuta,
admiração. Sempre o modelo da forma como eu iria educar meu filho, ainda assim no
dia em que de verdade tive um. Ele e seus cachos com cor, o primeiro a me
ajudar a pular os muros da medianidade, da mediocridade em que esta filha de
normalista com militar, nascida em Niterói, vivia. Então é isso, mais uma vez veio de sua boca a
informação óbvia, de senso comum, que só a minha mente
surrealartisticanovelescadorisday ainda não tinha. Uma nova informação daquele
planeta distante, realidade, com o qual só um canal de muito afeto e confiança
me fazia esporadicamente conectar. E, sabe, dita assim, por ele, de sua boca,
através de seus olhos, pareceu até mesmo administrável!
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