Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Não se chamava Ismália, mas um dia duvidou! Não foi um desses surtos repentinos, nem uma dessas loucuras mansas que pioram. Foi gradual e pouco perceptível. Um conjunto de comportamentos aparentemente inocentes aglutinando-se ao longo dos anos, até que parecesse tarde demais! Desorganizada, diziam uns, ingênua, outros, sonhadora, pensava ela, obsessiva, apregoava alguém, imatura, suspirava outrem. Tinha essa teimosia, esse achar que estava certa sozinha, certa contra o comum, o estabelecido, certa contra a realidade percebida pela maioria. Não sabia se fora deixada sozinha aos poucos, na verdade acreditava ter sido sempre assim! Andava sempre espantada, tentando não se importar muito com o fato de não entender e não ser entendida. Na verdade nem precisava entender, porque tinha aquela coisa, a coisa que fazia com que se desviasse da colisão no último minuto, embora estivesse olhando para o lado oposto! A coisa que intuia o que pessoas precisavam, sem que elas dissessem, e que colocava nos olhos delas a surpresa que a tornava ainda mais surpresa, porque nunca entendia esses olhares. A coisa que a aprisionava a pessoas, apenas para libertá-las, para então ser deixada novamente só! Talvez tenha sido sempre louca, mas agora alguns olhares conseguiram atravessar a nuvem na qual se protegia. Ele atravessou. Ou por ser verão, ou por estar velha, ou por ter se desinteressado das distrações, talvez a coisa estivesse ficando fraca, talvez a coisa tivesse deliberadamente aberto o caminho, talvez por amor ele atravessou e ela pode ler LOUCA, e então teve a certeza abalada! Mas não voaria como Ismália, não ainda, por pura preguiça não faria nada. Talvez a nuvem se fechasse novamente e tudo fosse esquecido, tornara-se muito boa em esquecer; talvez o furo não fosse tão grande assim, ou talvez apenas se distraísse...

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