Um cara comeu um pangolim. Literalmente. Foi lá na Ásia, do
outro lado do oceano, bem longe de nós. Não julgo os motivos, não devia ter
croissant, sei lá. Lendas bobas a parte, o fato é que o sujeito comeu um pangolim
infectado. Do nosso ladinho do planeta, logo ali, tem gente que come tatu, come
literalmente. Mas isso é uma conversa que fica pra outro dia. O fato é que o cara lá na Ásia comeu um pangolim
infectado e é abril. O céu anda mais azul que em qualquer outra época do ano. O
sol aquece apenas o suficiente para ser muito, muito agradável. As folhas têm
um brilho matinal que me causa suspiros. As cores são tão limpas, tão vivas, dá
pra ver raios de luz onde se olha. Quando o chão está molhado, ele faísca! Tudo
é um esplendor, tudo é convite: do CCBB até o MAR, do Leme ao Posto 6, do Arpoador
ao Leblon. O Jardim Botânico, O Aterro. Olhar a Igreja da Glória contra o céu
azul, O desenho da Praia Vermelha, os barcos de madeira colorida na Urca, a Baía
de Guanabara, Santa Teresa e seu Parque das Ruínas. Tudo chama, tudo tende a
provocar sorrisos. O outono do Rio de Janeiro... a estação mais esperada pelos que,
como eu, não gostam do calor, nem da luz cegante do verão. A estação mais
esperada. Daí vai o cara e come o pangolim e eu estou em casa. Daí vai o cara e come o pangolim, e de
repente não é só um cara com fome lá na Ásia. De repente não é só um cara com
fome, é uma célula infectante em um órgão chamado humanidade, de um organismo
chamado planeta. Você ainda consegue pensar “eu não tenho nada com isso”, “é só
uma vez”, “é só um copinho plástico”, “não me diz respeito”, é “só uma
plantinha”, “não me afeta”, “É apenas”...”, é só”..., “não me”..., “eu”..., “meu”...,
o que for, sem lembrar que um cara com fome comeu um pangolim infectado lá na
Ásia e estamos todos em casa em pleno final de semana de outono no Rio de
Janeiro, gratos por termos casa onde estar em segurança?
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