Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

sábado, 26 de outubro de 2019

Em 13 de outubro


Noite de domingo e eu buscando a emoção certa para escrever. Houve a sessão de cinema, houve a sopinha e o papo com as amigas na livraria, e agora uma taça de vinho, o cachorro e o quase silêncio.  É preciso fechar os olhos e sentir, mas o sentir ficou antes. Antes dos desenhos, antes das pinturas, antes do silêncio, antes da paz. O sentir ficou tão distante ultimamente, que é quase uma surpresa quando aparece intempestivo no nomeio de uma cor, no meio de uma frase, no meio de um cheiro.... De repente, inesperadamente, vem como uma onda imensa, gigantesca, me arrastando às cambalhotas pelo fundo arenoso, me fazendo perder a direção, a noção, o fôlego, fazendo arder as narinas e a garganta, afogando.  Difícil falar dele agora que não está. A paz e o quase silêncio não se prestam à literatura. Nem amassar o barro, nem pintar uma aquarela, nem sorrir durante uma aula, nem cozinhar o jantar. Os pés descansando em cima da mesa de centro e o cheiro de maresia entrando fresco não se prestam à literatura. A temperatura amena também não. Quase tenho saudades suas nesse momento, mas a mente anestesiada pelo vinho não consegue lembrar muito bem o que é saudade. Não há emoção que se escreva nesse momento. Apenas sossego. Bendito sossego dominical!

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