Noite de domingo e eu buscando a emoção certa para escrever.
Houve a sessão de cinema, houve a sopinha e o papo com as amigas na livraria, e
agora uma taça de vinho, o cachorro e o quase silêncio. É preciso fechar os olhos e sentir, mas o
sentir ficou antes. Antes dos desenhos, antes das pinturas, antes do silêncio,
antes da paz. O sentir ficou tão distante ultimamente, que é quase uma surpresa
quando aparece intempestivo no nomeio de uma cor, no meio de uma frase, no meio
de um cheiro.... De repente, inesperadamente, vem como uma onda imensa,
gigantesca, me arrastando às cambalhotas pelo fundo arenoso, me fazendo perder
a direção, a noção, o fôlego, fazendo arder as narinas e a garganta,
afogando. Difícil falar dele agora que
não está. A paz e o quase silêncio não se prestam à literatura. Nem amassar o
barro, nem pintar uma aquarela, nem sorrir durante uma aula, nem cozinhar o
jantar. Os pés descansando em cima da mesa de centro e o cheiro de maresia entrando
fresco não se prestam à literatura. A temperatura amena também não. Quase tenho
saudades suas nesse momento, mas a mente anestesiada pelo vinho não consegue
lembrar muito bem o que é saudade. Não há emoção que se escreva nesse momento.
Apenas sossego. Bendito sossego dominical!
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