Observação: Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido (ou não) mera coincidência!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Arroz doce

O verão deu uma trégua. Em um sábado fresco de janeiro, quase um milagre, recostava o corpo dolorido em travesseiros enquanto lia com óculos de um grau diferente do seu, mas que serviam. Beirava os cinqüenta, mas ainda não conseguia admitir a necessidade de óculos de leitura. Nunca havia precisado de lentes até esse último ano. Quando começou a ficar difícil decifraras letras menores havia adquirido o hábito de tomar emprestados os óculos do amigo que estivesse mais perto. Alguém lhe deu um de seus óculos velhos que ela usou até que as duas hastes estivessem quebradas. Estão resolveu ir ao oftalmologista, mas devido à surpresa de descobrir que precisava não de apenas um, mas de dois óculos, um para longe e um para perto, voltou ao processo de negação e tomou emprestado definitivamente um dos óculos de leitura de seu pai. Não era exatamente o seu grau, mas aumentava as letras permitindo que as lesse. Era suficiente.


Quando um dos personagens do livro com o qual se distraia comeu arroz doce, veio aquela vontade insistente que não a deixou enquanto não se encaminho u até a cozinha, ainda com os óculos e o livro diante dos olhos, para providenciar o mesmo para si. O resultado da sua falta de prática culinária, uma papa meio aguada, foi devorada ainda bem quente, com muita canela em pó para disfarçar. Era o arroz doce que podia ter naquele momento, era o que comeria com prazer. No tinha problema de peso, pelo menos não de excesso de peso, ao contrário, tinha essa tendência a se enfear de magreza quando não estava bem. No seu caso, devorar uma tigela de arroz doce aguado era sinal de bem estar.

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